A mentalidade que decide o desempenho escolar

Mentalidade de crescimento.
Os conceitos de mentalidade fixa (aplicado a pessoa que acredita que a inteligência é fixada no nascimento e não pode ser alterada) e mentalidade de crescimento (aplicado a quem acredita que a inteligência não é fixa e pode ser desenvolvida ao longa da vida) têm sido usados em estudos da área de psicologia da educação há muitos anos. Agora, pesquisadores norte-americanos descobriram que estudantes pobres, com mentalidade de crescimento, têm desempenho escolar equivalente aos dos estudantes de famílias de renda mais alta que possuem uma mentalidade fixa .
No trabalho, os autores utilizaram dados dos alunos da rede pública da 2a série do Ensino Médio do Chile. Neste país, a cada dois anos, são aplicados testes padronizados para medir competências em matemática e linguagem de todos os estudantes dessa série de ensino. Os exames também incluem questões sobre a família de cada aluno e outros assuntos. Na pesquisa de 2012, particularmente, foram incluídas questões a respeito da mentalidade sobre inteligência dos estudantes. Os alunos que concordaram com declarações que sugeriam que a inteligência não pode ser alterada (isto é, “a inteligência é algo que não pode ser mudado muito” e “você pode aprender coisas novas, mas você não pode mudar inteligência de uma pessoa”) foram classificados como tendo uma mentalidade fixa, aqueles que discordaram, foram categorizados como tendo uma mentalidade de crescimento, e aqueles que não se definiram, foram categorizados como tendo uma atitude mista e, não foram considerados na pesquisa. No total, a análise dos pesquisadores envolveu 75% dos alunos da 2a série do Ensino Médio das escolas públicas do Chile no ano de 2012.
Primeiro, os autores observaram uma forte correlação entre renda familiar e a adoção de mentalidade fixa: enquanto 60% dos estudantes mais pobre têm uma mentalidade fixa, apenas cerca de 30% dos mais ricos pensam assim.
Segundo, universalmente, em todas as faixas de renda familiar, os estudantes de mentalidade de crescimento têm um desempenho escolar superior aos demais de sua mesma faixa de renda que possuem mentalidade fixa.
Finalmente, a grande novidade, o desempenho escolar dos mais pobres com mentalidade de crescimento é superior em linguagem e equivalente em matemática aos dos estudantes mais ricos que possuem mentalidade fixa.
Os resultados desse estudo documentam, de forma inédita, o impacto da mentalidade sobre inteligência no desempenho escolar de estudantes em conjunto com a realidade socioeconômica das famílias desses alunos. Eles devem estimular novas pesquisas nas áreas de psicologia da educação e em pedagogia, além de influenciar a atuação de educadores e de formuladores de políticas públicas educacionais.

FONTE:

Claudio Macedo

Doutor em Física. Divulgador de Ciência. Professor da Universidade Federal de Sergipe (1976-2016).
http://www.saense.com.br/2016/07/a-mentalidade-que-decide-o-desempenho-escolar/
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Wescly Santana