A Abundância de água no Sistema Solar
Planeta Terra, onde água pode ser encontrada nas fases sólida, líquida e gasosa. |
Até o início do século XXI os únicos locais onde havia água no Sistema Solar, segundo nosso conhecimento, eram na Terra e nos cometas que regularmente visitam nossa vizinhança. É claro que desconfiávamos da existência de água em outros lugares, por exemplo em cometas e corpos gelados nos confins do cinturão de Kuiper e na nuvem de Oort. Mas a medida que nosso conhecimento sobre os nossos vizinhos foi aumentando, percebemos que a água é uma substância abundante.
Comecemos com Marte. Graças às sucessivas e bem sucedidas missões ao planeta vermelho, conseguimos descobrir a existência de água no planeta vermelho sob a forma de gelo e durante o verão marciano sob a forma líquida. Diversas rochas marcianas foram formadas na presença de água e hoje podemos dizer que no passado, Marte foi coberto com oceanos.
Movendo um pouco mais além, encontramos Ceres, o único planeta-anão na parte interna do Sistema Solar, situado entre as órbitas de Marte e Júpiter. Recentemente a NASA conseguiu enviar a sonda Dawn para Ceres, revelando um objeto cheio de surpresas e peculiaridades. Talvez a maior surpresa tenha sido um conjunto de manchas brilhantes na superfície de Ceres, cuja origem até o momento permanecem um mistério, mas desconfia-se de gelo de água e sais. Nesse pequeno mundo os vulcões não são feitos de lava, mas de gelo.
Prosseguindo em direção ao Sistema Solar exterior, chegamos a Júpiter e suas dezenas de satélites naturais. Há algumas semanas, a NASA revelou indícios de que o telescópio Hubble conseguiu observar jatos de vapor de água sendo ejetados da lua Europa, reforçando ainda mais a possibilidade de existência de um oceano abaixo da sua superfície congelada. Indícios desse oceano surgiram há muitos anos graças às observações de fendas e rachaduras na superfície de Europa.
Passemos para o próximo gigante gasoso, Saturno. A sonda Cassini, que ainda está orbitando Saturno, nos revelou um sistema belíssimo e nos trouxe surpresas incríveis. Titã, a maior lua de Saturno, possui oceanos de metano e outros compostos orgânicos. Seu relevo é esculpido por chuvas e rios de metano, que graças à temperatura de Titã, encontra-se próximo de seu ponto triplo. Assim como a água, o metano também possui um ponto triplo de temperatura e pressão, no qual as fases sólida, líquida e gasosa coexistem. Se em Titã o metano corre em forma de rios, o gelo de água é tão duro quanto rocha e cobre a superfície. Enquanto estudava as luas de Saturno, a Cassini fez um descoberta incrível, jatos de vapor de água sendo ejetados da lua Enceladus. Grandes plumas saem da superfície e atingem altas altitudes, ricas em água e compostos orgânicos. Há poucos dias a equipe da Cassini informou que a lua Dione também possui jatos de água sendo ejetados da superfície.
Continuando nossa jornada para os confins do Sistema Solar, vamos saltar Netuno e Urano, pois possuímos poucas informações desses planetas e de suas luas. Ainda não tivemos nenhum missão dedicada a estudar os dois últimos gigantes gasosos do nosso sistema. Chegamos então a Plutão, o mais representativo dos planetas-anões, e suas 5 luas; Caronte, Styx, Nix, Cérberos e Hidra. Caronte tem metade do tamanho de Plutão e cerca de 10% de sua massa, fazendo com que o centro de massa do sistema Plutão-Caronte esteja fora de Plutão, em outras palavras, Plutão e Caronte valsam em torno do centro de massa, exercendo forças de maré um no outro continuamente. A missão New Horizons, que passou por Plutão no ano passado, mudou completamente o nosso entendimento sobre esse objeto. No lugar de uma superfície congelada e morta fomos surpreendidos com uma superfície dinâmica, mutável, onde icebergs gigantes de gelo de água flutuam e se movem em uma superfície de nitrogênio. A eterna dança de Plutão e Caronte fornece energia suficiente para que seu interior não esteja completamente congelado, o que provoca a renovação da sua superfície, graças a vulcões de gelo e provavelmente um oceano de água sob sua superfície.
Duas décadas de exploração espacial foram suficientes para nos mostrar que a substância essencial para a nossa vida, a água, é comum no Sistema Solar e provavelmente é comum em outros sistemas estelares. O que as próximas duas décadas nos reservam?
FONTE:
A Abundância de água no Sistema Solar
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14:33:00
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